quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O que as folhas dizem



Tenho caminhado por esse jardim antigo...
Com meus pés nus na terra fria.
Esperando por ti.
Como as folhas caem lentamente no outono,
Caem meus sonhos nas águas dessa ponte.
As horas passam, as (h)eras crescem,
Sem fim...
Espero por ti,
que esqueci o nome entre as estrelas
Tão antigas.

Sinto ainda tuas asas, ao meu redor,
Meu protetor.
E as estátuas cobertas de limo olham-me,
Tristes...
E o sopro do passado assobia entre as árvores.
Nesse jardim esquecido.
Onde só as folhas sabem
Como cair sem dor.

E penso que esta não é
minha vida.
Mas um sonho sem fim.
O inferno dos inconscientes.
E vejo-me longe, apartada de ti,
Forçando o Caminho entre os espinhos.
Procurando uma luz nesse mundo,
Um sorriso.
A alegria que aqui não existe.
E, no silêncio, o soar profundo,
De mil folhas a cair.

A carpa foge,
A garça voa,
O corvo fala.

E essa é a música infinita do jardim dos danados.
Fome, loucura, injustiça e miséria.
E eu, como esse nenúfar,
Aquática, etérea
Com um pé em cada mundo, tentando...
Com as raízes na lama e o rosto na luz
ouvir
o que as folhas dizem.

Um comentário:

  1. a magia está onde posso te ver, sentir ,assim sinto seu corpo a principio frágil,mas tão forte em sua essência,essa mesma essência que tolhe meu ser, quando ouso tocar-te é, tão intenso, mas folhas nos cobrem, nos protegem dos olhares profanos, pois só a mim te revelas

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