quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Por não ser rosa



Eu sou a margarida do campo.
Com sol no miolo, com luz nas asas.
Sou feita de haste fina e delicada,
De tantas pequenas raízes.
E, se o solo é fértil,
Floresço!

Se não há o podre chão
onde fervilha a vida,
Se não há lágrimas do céu,
Se não há o peso da luz,
Me curvo e seco.

Sou a margarida que balança
Quando o vento me golpeia,
Eu danço.
Simplesmente danço.
Às vezes com uma alma leve,
Borboleta,
Pousada sobre meu centro.
E dou.
Eu simplesmente dou.
Para quem, depois de beber meu néctar,
Vai-se sem nem dizer
Obrigado.

Tantas almas bebem em mim,
E não tenho tanto para dar.
E se não tenho tudo,
Desfazem-me, falam mal de mim...
Ah, como nessas horas, minha delicada constituição
Pesa-me mucho.
E eu queria ser rosa,
Não margarida.
E espetar com espinhos os atrevidos,
E ser quase inacessível aos hipócritas. 

2 comentários:

  1. WOWS... "és pedra, flôr e espinho"...

    kurti e vou linkar.

    JOPZ

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  2. Ei Jopz, geralmente não gosto muito do que escrevo, mas essa ficou massa! #semmodéstia rs...

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