segunda-feira, 29 de agosto de 2011



O amor é sofrimento!
Ela me disse assim de supetão e, quando questionei, num átimo seus olhos azuis como o aço me fuzilaram: claro que é!
Fiquei intrigada o dia todo. Tanto porque eu, mulher balzaquiana, já tinha me dado conta disso - embora tentasse negar - em muitos níveis. O que me chocou foi a certeza, refinada, da aluna, uma garota nos primeiros meneios por esse estranho caminho tortuoso e espinhoso do amor.
As pessoas são bem precoces hoje em dia...
Ou eu sou ingênua, lenta?

Estava assim, nesse ritmo analógico, a fazer conjecturas delirantes sobre o assunto, quando ela tocou meu ombro e disse: não pense tanto, professora.

Eu sou  professora, doutora? Só faço isso, só sei fazer isso: pensar!

Será o raciocínio inimigo do amor, de fato? E aos que preferiram estudar, nega-se o amar?

E já mergulhava eu novamente no universo infindável dos meus devaneios - que, de tão complexos, não me levavam a lugar nenhum - quando percebi que ela sorria.
Segundos se passaram e aqueles olhos cinzas e frios me fitaram...

- Uma vez me disseram, profa, que eu não considerasse prioridade quem me tratava como segunda opção.
E eu pensei: fora isso, o resto é amor? Deveria ter um doutorado nessa área, talvez eu me desse bem aí...

Saldo: coisas insólitas me acontecem, recados que saem da boca de pessoas inesperadamente... mundo estranho esse...


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