segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Isobel


Isobel é uma louca mulher, desvairada de alegria, afogada pela tristeza. Isobel é viva, embora não exista. Isobel viveu antes da chegada dos padres na ilha. Corria por entre as brumas do campo, como se fosse uma cega, sem jamais cair ou tropeçar. Deitava-se na relva molhada e fria e deixava-se cobrir pelos pirilampos e mariposas, atraídos por sua luz. Isobel tinha mãe. Isobel não sabia quem era seu pai. Isobel sonhava com um guerreiro que não era da tribo. Olhava a linha reta do oceano, a fria e cinzenta linha final. Isobel escrevia cartas para ele. Embora ela nunca o tivesse visto, sabia da sua existência. Os anos foram passando e Isobel esperou, mesmo assim. Esperou que ele cruzasse aquela linha. Esperou e esperou tanto que acabou louca. Numa noite, Isobel saiu do corpo e seguiu para o mar, adentrou o oceano, gelado e profundo. Nunca mais foi vista. Sumiu. Deixou apenas algumas cartas e versos. Dizem que em noites em que o oceano fica liso, parado, silencioso, em que forma uma perfeita linha reta no horizonte, ouve-se uma voz melodiosa falando, como de dentro de uma concha. Dizem que é Isobel, louca, conversando com o amor.


2 comentários:

  1. Kurti essa louca ISOBEL... e me fez lembrar do filme CONSTANTINE e do belíssimo MAR ADENTRO... Será que existe uma ISOBEL dentro de vc?

    JOPZ

    ResponderExcluir
  2. Acho que existe uma Isobel em toda mulher. Em alguns homens também... hehehe

    ResponderExcluir