terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Um conto

E inspirada no tema "padres lindos", reproduzo abaixo o conto do jornalista e radialista Ruy Ribeiro Crespo Filho.
Fonte: http://www.clube-de-leituras.pt/blogs/ruycrespo/index.php?ano=2009&mes=7

A BATINA DO CELIBATÁRIO

Aldeia de Santa Ana-1585

Inquisição portuguesa

As duas árvores foram plantadas há tempo. Enfeitava de maneira sutil a frente do casarão paroquial. Ao longo dos anos muitos passavam por elas e não percebiam. Apesar do silêncio em algumas manhãs certamente a tarde e madrugadas elas balançavam seus galhos provocando com o soprar dos ventos, um uivar como de lobos em noites de lua cheia. Na madrugada antes que o por do sol raiasse e o galo cantasse tudo era silêncio. Os galhos paravam de balançar. As duas árvores deixavam folhas caídas, desarrumadas como lençóis na cama. Na cumplicidade elas guardavam mistérios e segredos.
Dentro da casa paroquial os dois murmuravam juras de amor. Trocavam beijos. Um amor sem preconceito. Até porque no amor o preconceito não existe. O amor foi tanto que deu um fruto oculto. Para muitos fruto do pecado. Mas o que importa o pecado se o fruto é bom? E o pecado que se comete é melhor ainda? Ela queria pecar. Sim, por que não? Era um amor de uma santa e de um santo.... Era um pecadinhooo.E no sacramento da penitencia ele como intermediário de Deus a perdoava em confissão. Quando o olhava via nele a imagem de são Bento o protetor das cobras. Usava uma medalhinha abençoada entre os seios ainda firmes para serem mamados pelos lábios do seu macho leal.
-Vem meu amor o tempo é curto para o que eu tenho para te dar...Dizia ela tirando rapidamente suas roupas. Primeiro seu vestido branco. Ela gostava de usar roupas brancas. Depois tirava as outras peças fre-ne-tica-mente agarrando os cabelos dele dizendo...;
-Vem logo, vem logo estou nervosa... Louca de desejo. Jogava o manto negro no chão e tirava a calçola.... A calçola bran-quinhaaaa... Então tomada por aquele tesão o abraça com seu corpo suado a vestes preta do seu anjinho milagroso. Por que não? Anjos caídos também amam! Ela dá um grito olhando nos olhos de seu santo anjo.
-Sabes que sou tua em nome do pai e do filho. Meu cadelão incitatus! Pula em cima dele em cavalgada.-diga que tu me amas. Digaaaa! E da um tapa na cara do padre. Este vira a outra face. Ela o bate com mais força e pergunta:
-os meus seios são belos e grandes? Digaaa!--Sim são lindos minha bran-quin-haaaa...Ela então dava gargalhada de tesão pedindo:
-Desdenda-me em minhas entranhas meu cadelãoooo!Aquele momento era a certeza que a sua verdade estava numa penetração profunda no seu mundo interior.O centro do furacão estava nele. E no meio da tempestade murmurava por fim o seu gozo no único ponto secreto que os dois amantes compartilhavam. Bento tem um sobressalto. Seu corpo se contrai sentindo as esporas da sua fêmea.
De um salto, endireitou-se olhando para a face da sua branquinha que dava o seu ultimo grito de liberdade:
-Meu cadelonis incitatus!Não acabou. Eu quero mais. Diga eu sou sua puta?
- Que é isso Dorinha? Você é uma santa!
-Oh, meu amor santas oram nos pedestais.As putas que amam gemem ou gritam de tesão.O beija como louca no pescoço, cravando as unhas na batina suada. Agora... Vem, vem meu preto. Tire essa batina de uma vez e vem...Ele respondia sério, incontestavelmente firme, dentro dos padrões canônicos.
Nesse ponto ele era Rigorosissimo e até brutal.
- Não me peça isso Dorinha!A batina não! A batina eu não tiro! Eu sou ce-li-bata-rioooo! Vou repetir. Eu sou celibatáriooo! Exclamava cheio da hipócrita de sua convicção.
-Vem assim mesmo, meu negão. Ai, ai, ai, ai-ai-ai depre-ssaaa... Mais depressa! Não para não!Continua que tá gostoso... Ai... Ai... Ai... Você me deixa molinha, meu preto cadelão. Veemm... Ai... aiaiaiai! Dava um grito assustador. Depois mordia o travesseiro e só se ouvia pequeninos e sutis gemidos. Assim padre Bento, como um cadelão insaciável e impecável, lambia o corpo delicioso da branquinha a comendo sem pena.
Sim, sem pena... Mas de batina.... Dizia ele finalizando seus atos:

-A batina não! A batina eu não tiro! Eu sou celibatário!

Na mesma hora, sem ao menos perceber as duas árvores balançando seus galhos, Nino passa na rua e esbraveja:

-Porra, que merda de galho a cair sobre a minha cabeça! Quando a natureza da imbecilidade criadora vai aprender que diabos só tem chifres?

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