terça-feira, 28 de julho de 2009

O Livro de Diana

Os livros proibidos e queimados pela Inquisição no Brasil

Como vocês sabem, o Brasil não passou incógnito às loucuras da Inquisição. Foram três as visitações do Tribunal do Santo Ofício em nossa terra, uma no ano de 1591, outra no ano de 1618 e a última durou de 1763 a 1768.
Um dos livros citados nas denúncias da Bahia é o LIVRO DE DIANA, que apresenta títulos diversos como Diana de Monte Maior, Diana, e Os cinco livros de Diana.


Em 17 de agosto de 1591, o padre Baltazar de Miranda denuncia na Bahia dona Paula de Siqueira, esposa do contador Antônio de Faria, no Rio de Janeiro, “por ler e folgar com a Diana de Monte Maior e que fazia o músico, per nome Manuel, cantar as cantigas da dita Diana” (Cascudo, p.14).

Outra denúncia se registra no dia 25 de agosto de 1591, é de Gaspar Manoel, licenciado em artes, que acusa a Matias de Aguiar de ter um livro de Diana. O acusado procurou o Visitador, confessou o pecado e lhe entregou o volume que foi queimado.

No dia 28 de agosto de 1591, Bartolomeu Fragoso confessou ter lido uma Diana de Monte Maior. “Por cúmulo da precaução ía lendo e rasgando as folhas” (Cascudo, 1953, p. 14). Já Domingos Gomes Pimentel confessou, no dia 18 de janeiro de 1592, ter possuído e lido, seis anos antes, a mesma Diana.

O cristão-novo Nuno Fernandes, natural da Bahia, confessou ter lido muitas vezes o “livro chamado Diana”, quatro ou cinco anos atrás. Dentre os livros que possuía estava o “Metamorforges (sic) de Ovídio” (1953, p. 14).

Também nas denunciações de Pernambuco aparece o tal livro de Diana. No dia 22 de janeiro de 1594, o cristão-novo Gaspar Rodrigues, residente na freguesia de Sant’Amaro, denuncia Bento Teixeira, “o poeta da PROSOPOPÉIA, mestre de ensinar moços, de ler Diana” (1953, p. 14).

Que misterioso livro proibido é esse? Cascudo não explica, apenas se limita a apontar a obra de Jorge de Montemor que chama de “cinco livros de DIANA”. Serão todos o mesmo?*
* Parte da minha tese de doutorado: Cinco livros do povo: conhecimento tradicional ou conhecimento oculto em cinco narrativas de cordel.

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